
2018
Logo na chegada, Pinheiro Bahia pergunta que música desejo ouvir. Gal Costa, respondo. Ele pega o LP Gal Fatal e comenta: é um espetáculo! Aos embalos de Coração Vagabundo, nossa conversa começa no amplo salão
Quando seu Pinheiro coloca a blusa florida e o chapéu fedora, todos sabem que a noite vai começar. O acervo de vinis de todas as épocas, colecionados por ele e sua esposa, fazem história na vida de muita gente há 24 anos.
O Bar do Vinil, que atualmente fica no Montese, já teve outros endereços, por isso ele o classifica como itinerante. A primeira grande mudança foi quando saíram de sua primeira localização, no mirante do Morro Santa Terezinha, para o outro lado da cidade, na Barra do Ceará. As lembranças vem à tona quando fala dessa primeira mudança. “O caminhão cheio de discos descendo o longo percurso do mirante até as proximidades da ponte da Barra do Ceará…” Ele também já teve sede no Henrique Jorge, Itapery, Parangaba e Jóquei Clube.



A estrutura permanece padrão desde seu surgimento, em 1994: uma espécie de palco com duas radiolas e, ao fundo, toda a coleção de LP’s. Quando você pergunta por um artista, ele já vai no local certo, despertando a dúvida sobre como é feita essa organização. Com a mesma arrumação há 24 anos, “não tinha como não decorar”, fala em tom de brincadeira. Nas paredes, diversos pôsteres que vão de Sandy&Junior a Madonna.
Ele conta que tudo começou quando ele conheceu sua esposa, Dona Pequena. “Foi um encontro de almas”. Os dois eram apaixonados por vinis, então juntaram a vida e os acervos e decidiram compartilhar tudo com outras pessoas que compartilham da mesma paixão pelos bolachões. É com amor que ele fala dos seus mais de 10 mil discos. “O manuseio do vinil tem toda uma técnica, quando se machuca não tem mais o que fazer, então é um trabalho muito complicado, tem que ter muita paciência e gostar”.




Mas houve um momento em que ele quase desistiu de tudo: com o boom do CD. “Senti dificuldades de continuar com o bar, muitas pessoas começaram a jogar vinis no lixo, eu passava e via calçadas cheias. As pessoas não acreditavam que o vinil ia durar tanto”, mas também lembra que aconteceu o momento da virada. “Os saudosistas voltaram a procurar o vinil, não viam no CD o que o vinil poderia oferecer”. Com esse impulso, o bar resistiu e ficou ainda mais seletivo, como um dos únicos locais em que as pessoas podiam ir e ouvir o chiadinho de um LP. “O vinil estava se recriando”.



O Bar do Vinil não tem placa e, por conta do calor, não consegue abrir mais dias na semana, somente às sextas e sábados. O que seu Pinheiro mais preza é o conforto dos clientes. “Temos uma legião de frequentadores. Quero que eles se sintam em sua segunda casa”. E é nesse ritmo que as noites seguem, muitas vezes, até as 7 da manhã.
Serviço:
Bar do Vinil
Endereço: Rua Vasco da Gama, 920 – Montese
Horário de funcionamento: sexta e sábado, a partir de 22h
Informações: (85) 984.037.262
Facebook /bardovinil1
Instagram: @bardovinil