
2018
Jovem e filha do Ceará, tem como propósito de vida ajudar a construir perspectivas por meio da educação. À frente de uma instituição com mais de 400 alunos, Bia pretende ir muito além na busca por uma sociedade mais harmoniosa
Talvez tenha sido a fotografia – como ela mesma diz – que despertou o seu olhar para o próximo. Bia Fiuza começou a fotografar em suas viagens para o exterior como uma maneira de registrar o que vivia. Quando voltou para o Brasil, com o objetivo de fazer faculdade, iniciou o curso de Comércio Exterior, mas sentiu que não era isso que aquecia o seu coração. Mudou, então, para Comunicação Social, e fez o passatempo das viagens virar seu trabalho e, principalmente, sua janela para observar o mundo e as pessoas.


Estudou Fotografia em Paris e fez mestrado em Antropologia Visual e da Mídia em Berlim, onde toda sua paixão só se confirmou. Documentar pessoas e as relações culturais e sociais era o seu maior propósito.
Decidiu fazer sua dissertação em uma organização não governamental no distrito de Juá, em Irauçuba, no noroeste do Ceará. “Alguns amigos meus estavam desenvolvendo um trabalho ligado à educação e ao desenvolvimento comunitário. Resolvi fazer minha pesquisa sobre a relação afetiva que essa ONG desenvolvia com a população. Foi lindo, foi uma experiência maravilhosa.”



Esse momento da vida de Bia fez com que ela se aprofundasse em temas como desenvolvimento social, pedagogia e educação. Após defender a sua dissertação, trabalhou durante um ano na instituição e voltou para Fortaleza a pedido do pai, Lauro Fiuza, que pretendia colocar em prática um sonho antigo de desenvolver, em Fortaleza, um trabalho social ligado a educação musical.
Então, em 2012, nasceu o Instituto Beatriz e Lauro Fiuza (IBLF), organização que leva o nome dos pais de Bia e oferece aulas de música clássica e karatê para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
A organização sem fins lucrativos iniciou suas atividades atendendo a 50 alunos em uma só sede, no bairro Passaré. Ao longo dos anos expandiu o projeto para dentro da Fundação Carlos Pinheiro e iniciou uma parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), oferecendo aulas de música na Casa José de Alencar. Hoje, o IBLF atende a 500 alunos dos mais diferentes bairros de Fortaleza.
Além da formação musical e no esporte, a instituição coordenada por Bia oferece um programa de desenvolvimento humano chamado Envolver. Desde o início, o IBLF se preocupou em olhar para a família, mas foi a partir do ano passado que o projeto de acompanhamento das relações do aluno com a família e a comunidade realmente tomou forma.



“A busca de tudo isso, a questão toda é que a gente acredita que através do investimento nas pessoas e de uma formação mais ampla dos indivíduos é que a gente pode pensar em uma transformação social no nosso estado.”

Bia acredita que promover o bem-estar social é um dever de todos e que todos podem contribuir para uma sociedade melhor. Para ela, o que as pessoas precisam é de perspectiva, de acesso à informação. “Estar em uma situação de vulnerabilidade social não é estar fadado à miséria ou à marginalidade. O que o IBLF busca é mostrar para nossos alunos e pra comunidade que é possível construir um caminho próspero. Eu acredito nisso. É possível buscar uma transformação e uma melhoria para o nosso mundo. Basta a gente se engajar, se envolver e fazer.”
A sensibilidade do olhar de Bia Fiuza se reflete na ternura da sua fala. A confiança que transmite quando fala sobre seu trabalho é quase palpável. Impossível conhecer sua história e não sentir um pouco da transformação pela qual ela tanto luta. Seus olhos semicerrados pelo seu sorriso largo jamais se fecham para o mundo.



Para Bia, são essas as ONGs que você tem que conhecer:
Fundação Casa Grande – Nova Olinda – CE