
2019
As musas, na mitologia grega, são as filhas da deusa Mnemosine, aquela que preserva a memória do esquecimento. Elas habitavam o Mouseion, lugar de inspiração divina e que estimulava a criatividade dos intelectuais. A história narra que a deusa Mnemosine dava aos poetas o poder de voltar ao passado para lembrá-los da coletividade. O primeiro lugar a receber a denominação de mouseion – no português, museu – foi a Biblioteca de Alexandria, antes de ser queimada.
Séculos mais tarde, museu passou a ser considerado um espaço de preservação científica, e só em 1793, na França, com a criação do Museu do Louvre, é que os antigos templos das musas passaram a ser vistos como um espaço de preservação da memória e de propagação da cultura.


No Brasil, o primeiro lugar para preservação da memória foi construído em 1862 em Pernambuco. Já nas terras alencarinas, o primeiro museu registrado foi o Museu Provincial, pertencente ao médico Joaquim Antônio Alves, e funcionou de 1875 até 1885. O histórico Museu do Ceará só surgiu em 1932.
A cultura de conservação da história se propagou e os museus se espalharam pelas cidades cearenses. Do Museu do Ceará ao Museu do Humor, lugares para conhecer e se aprofundar na história cearense não faltam, e os exemplos podem ser bem específicos e criativos. Vós foi conhecer um pouco mais de alguns desses templos de preservação da memória para que não deixemos cair no esquecimento a importância de (re)lembrar o passado.
Museu do Caju
Palavra de origem tupi que significa “noz que se produz”, o caju, na tradição oral, refere-se ao ano, já que os indígenas contavam a idade a cada floração e safra do pseudofruto. Tipicamente brasileiro, o caju é versátil. Dele extrai-se a castanha – seu verdadeiro fruto -, pode virar suco, doce, licor e, para além da agronomia: arte e história.
Dividido em dois bairros, um na capital alencarina e outro em Caucaia, o Museu do Caju ocupa uma parte do Conjunto Ceará e uma parte da Grande Jurema. A chácara tem uma área verde repleta de árvores centenárias e é lugar de história e preservação da cultura regional. Em 2017 se tornou patrimônio cultural do Ceará após ganhar o prêmio da Valorização da Identidade Cultural.



O museu foi idealizado em 1995, mas foi em 2007 que o pesquisador Gerson Linhares conseguiu consolidar o sonho. Ele explica que a proposta do museu é fugir do olhar agrônomo do caju e expandir os múltiplos olhares que o pseudofruto proporciona. “O caju também é dança, artesanato, cordel, artes plástica, xilogravura e muito mais.”





No espaço, todas as peças artísticas são feitas por famílias do interior do Ceará que doam os objetos para exposição do “Meu caju, meu cajueiro”. Com o museu, Gerson espera que os cearenses se apropriem da cultura do caju.
O Museu do Caju funciona de terça a sábado por meio de agendamento. Aos domingos o museu é aberto ao público e tem almoço com comidas regionais e à base de caju – este com necessidade de agendamento prévio.



Serviço
Museu do Caju
San Diego, 332 – Parque Guadalajara
Funcionamento: terça a sábado – 8h às 17h | Domingo – 9h às 16h
Entrada: R$ 5 ( Para almoçar no local o valor de entrada não é cobrado)
Telefone: (85) 3237.2687
Facebook: @museudocaju
Instagram: @museudocaju
Museu da Boneca de Pano
Foi com a mãe que a artesã Liduína Rodrigues aprendeu a fazer bonecas de pano. A princípio de forma bem rudimentar, mas aos poucos foi aprimorando o trabalho com o auxílio da máquina de costura que o marido ensinou a usar. A ideia de criar o Museu da Boneca de Pano surgiu em 2009, quando ela resolveu unir as duas paixões: o artesanato e a museologia.



As bonecas produzidas pela artesã são inspiradas nas memórias que carrega da mãe e dos frutos da própria imaginação. Liduína explica que a proposta do museu é resgatar o brincar e mostrar que a boneca vai além de um brinquedo. “A gente traz as nossas histórias em cada boneca, mas também mostra que elas têm uma história. Cada boneca tem um afeto e uma memória.”
O acervo tem mais de 400 peças e é composto pelo trabalho de diversos artesãos que “trazem a memória afetiva de cada boneca para o museu.” Liduína ainda ressalta que cada boneca tem o traço da pessoa que a cria, porque ela marca a história de cada um.






Serviço
Museu da Boneca de Pano
Joel Marques, 110
Funcionamento: quarta e sábado – 9h30 às 17h | Demais dias por meio de agendamento.
Entrada: R$ 5
Telefone: (85) 9.8631.3064
Facebook: @museudabonecadepano
Instagram: @museudabonecadepano
Museu da Escrita
Desde a arte rupestre até as formas mais modernas de expressar ideias, foi por meio da escrita que o homem passou a registrar sua história. E foi como forma de também guardar e repassar parte desse processo evolutivo, que José Luis – que desde menino “gostava de juntar cacareco”, moedas, selos, embalagens de cigarro, álbuns de figurinha – passou a se interessar por artigos relacionados a escrita como máquinas de escrever e tinteiros, que deram início a ideia de criar, ao lado da esposa, o Museu da Escrita.


O projeto é pessoal e o casal está sempre viajando para feiras de artesanato espalhados pelo mundo para construir as memórias do acervo. Ao todo o museu possui cerca de 2300 peças – que são contadas em conjunto -, dentre elas a maior coleção de lápis do Brasil com 3700 peças expostas.
O museu possui 16 salas que vão desde a representação do desenho rupestre a conjuntos de prensas para encardenação de livros, tinteiros, penas, máquinas de escrever, livros antigos, pergaminhos, objetos relacionados com a escrita em braile, documentos antigos, escrivaninhas e mais uma infinidade de objetos que nos levam a conhecer um pouco mais sobre a evolução da escrita no mundo.



O acervo é dedicado a mãe de José, que foi professora na década de 1950 e passou ao filho os ensinamentos sobre a importância da escrita e da leitura. O colecionador espera que com o museu ele possa incentivar e fazer com que as pessoas se sintam mais próximas da história da escrita.






Serviço
Museu da Escrita
Rua Dr. Walder Studart, 56,
Funcionamento: Segunda à sexta – 9h às 13h (Para visitação de grupos maiores de 15 pessoas é necessário fazer agendamento).
Entrada: R$ 20 (inteira) R$ 10 (meia)
Telefone: (85) 3244.7729 / (85) 9.8695.3244
Facebook: @museuda.escrita.9
Instagram: @museudaescrita02
+Locais
Museu do Ceará
Rua São Paulo, 51
Funcionamento: terça a sábado – 9h às 17h
Entrada Gratuita
Museu da Cultura Cearense e Museu de Arte Contemporânea
R. Dragão do Mar, 81
Funcionamento: terça a sábado – 9h às 19h | Sábado e domingo – 14h às 21h
Telefone: (85) 3488-8621
Entrada Gratuita
Casa de José de Alencar
Av. Washington Soares, 6055
Funcionamento: segunda a sexta-feira – 8h às 17h | Sábado – 8h às 12h.
Entrada Gratuita
Museu do Automóvel do Ceará
R. Jorn. Cézar Magalhães, 70
Funcionamento: terça a domingo 9h às 12h | 14h às 17h.
Telefone: (85) 3273-3129
Museu da Fotografia
R. Frederico Borges, 545
Funcionamento: quarta a domingo – 12h às 17h
Telefone: (85) 3017-3661
Museu do Humor Cearense
Av. da Universidade, 2175 – Benfica
Funcionamento: terça a domingo – 13h às 19h
Telefone: (85) 3252-3741
Museu da Imagem e do Som
Av. Barão de Studart, 410
Funcionamento: terça a sábado – 9h às 18h
Telefone: (85) 3101-1207
Entrada Gratuita